Imigrar é um ato de coragem e esperança, repleto de dúvidas e medos. O que
acontece quando decidimos deixar tudo para trás em busca de um novo lar? Assim
como em tempos antigos, essa escolha se torna uma realidade para muitas
famílias ao redor do mundo. A necessidade financeira, a busca por qualidade de
vida ou a realização de um sonho acalentado há anos não tornam essa decisão
mais fácil.
Imigrar é uma profunda transformação emocional. Sei que, para muitas de nós,
essa jornada é repleta de inseguranças e incertezas. A resposta para o que
significa “lar” muda gradualmente; aprendemos que o lar não se define
mais por um lugar físico, mas sim por onde o coração encontra paz, acolhimento
e tranquilidade.
Hoje, compartilho com vocês essas reflexões, fruto de sete anos vivendo e
aprendendo em Portugal. Anos que me ensinaram lições preciosas sobre a imigração,
a adaptação e o valor das pequenas vitórias em um país novo. E sei que, ao
longo dessa jornada, muitas de vocês devem ter se perguntado: “E se eu não
conseguir me adaptar? E se meu filho não se sentir em casa?”
Quando essas perguntas insistirem em bater à sua porta, lembre-se que seus
filhos têm uma capacidade de adaptação muito superior à que conhecemos. Lembro
de quando minha filha trouxe uma amiga para casa apenas alguns dias após
iniciar na nova escola. Esse momento me fez perceber que, apesar das
dificuldades, a capacidade de adaptação delas é admirável. Você também irá se
adaptar, mas isso se tornará mais fácil se abrir seu coração para a mudança e
aceitar que está imersa em uma nova cultura. Respeitar as diferenças torna tudo
mais leve, sem deixar de lado os princípios que você valoriza.
Você pode estar se perguntando: “Portugal sempre foi o seu sonho?”
E a resposta é: não! Como muitos brasileiros, sonhava com uma vida em um país
como o Canadá ou os Estados Unidos. Mesmo sendo descendente de espanhóis, a
Europa nunca foi meu destino inicial. Tudo mudou quando, em um momento de
incerteza, meu marido recebeu uma oportunidade de trabalho em Portugal e
decidimos tentar. Sem nunca termos visitado o país, embarcamos rumo ao
desconhecido.
Antes dessa mudança, já havíamos tentado uma nova vida no Brasil, mas não
era o que esperávamos. Agora, partíamos novamente, preocupados com o impacto
que essa mudança teria em nossa filha, então com 9 anos. Como ela se sentiria
num novo país, longe da família e do ambiente que conhecia? Seria fácil fazer
novos amigos? Conseguiria eu estar psicologicamente bem para ajudá-la a trilhar
este novo caminho? Tantas dúvidas com espaços vazios a serem preenchidos. No
entanto, mesmo com as incertezas a encher o coração e atordoar a mente, com as
malas prontas e o coração apertado, embarcamos no avião.
A chegada foi um misto de emoções. No início, ainda no modo turista,
conhecendo lugares novos e experimentando novos sabores, fui confrontada com a
saudade. O aroma do pão fresco da padaria me lembrava do nosso café da manhã no
Brasil e me fazia sentir a falta de casa. Com o passar do tempo, fui
confrontada com o desconhecido: uma nova cultura e a falta de informações que
poderiam ter facilitado essa transição.
Mas também fui surpreendida pela vida, porque fui abençoada com mais uma
filha, que trouxe ainda mais amor para nossas vidas. Essa nova adição aumentou
nossa motivação para fazer esta jornada dar certo e me ensinou que a
maternidade é um aprendizado constante, mesmo em novos territórios.
Eu sei que não estou sozinha. Se você também se sente insegura, saiba que é
normal. Muitas vezes, a saudade de casa se torna uma companheira constante, e
as lágrimas aparecem em momentos inesperados. Contudo, é em meio a esses
desafios que encontramos forças para crescer e nos adaptar.
Apesar das dificuldades, encontrei boas almas dispostas a ajudar, e devagar,
aprendemos a “navegar” no sistema português. Essa rede de apoio foi
crucial em minha jornada. Mas não se iluda: a jornada da imigração exige
resiliência e determinação para nunca perder de vista o motivo que nos trouxe
até aqui.
Foi essa percepção que plantou em mim o desejo de criar algo para ajudar
outras mães. Assim nasceu o projeto “Jornada de uma Mãe Imigrante”. Meu
objetivo é oferecer informações valiosas, suporte emocional e dicas práticas
para que sua jornada de imigração seja mais segura e menos desafiadora.
Sei que dar esse grande passo pode ser assustador, mas, com as orientações
corretas, o caminho pode ser muito mais leve. Afinal, quem não gostaria de ter
em mãos um mapa do tesouro que garanta a tranquilidade e o bem-estar dos seus
filhos durante essa transição?
Se você está pensando em desbravar o “Velho Mundo”, convido você a
caminhar comigo. Quais são os seus maiores desafios? Estou aqui para ouvir,
apoiar e construir essa jornada juntas, porque cada passo é um passo para a
construção de um lar seguro e acolhedor para nossas famílias.